terça-feira, 28 de maio de 2019

Paradigmas

Num local onde o ódio impera estar a ouvir Ode to Joy! Lindo

Águas separadas

Por minha morte serás responsável
E levarás contigo, na forma conveniente,
Este troféu que te dará luz nas noites
Em que precisarás de escuridão.

Trarás a súmula de tudo o que semeaste,
A forma, o modo e a intenção,
Embrulhado nesse papel dissimulado
Com que te escondes num sorriso manso.

E no cúmulo desse teu alto altar
No pináculo desse infindo cone
Em profunda solidão e pendurado
Encontrarás essa orgulhosa flor.

Onde, como é de bom saber
Reside a eterna vítima
Que, de um qualquer mal inicial
Se encontra indevidamente ofendida.
 
E descansa que o corpo não levas
Esse seguirá o seu caminho até às cinzas
Nas suas águas, no seu mar
No seu imenso azul.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Coisas que me surpreendem

Uma pessoa fez grosseira asneira sem ter a mais pequena ideia das consequências da sua "generosidade" intelectual.
Obviamente que o mundo não anda a dormir e está a ser "sovada" por toda a gente a quem a situação é descrita.

Passou a ser uma vítima. Orgulhosamente vítima.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Aguarela


Ele não triunfará

Acordo cansado
Não tanto deste querer
Desta vontade sem limites
Desta pulsar constante
Mas do obscuro presente
Que de mil formas se veste
De mil caras se mascara
E inunda-se presente
Sendo atrito e resistência
Com laivos de destruição.

Mas creio sempre
Que um dia isto findará
Nem que seja no fim do tempo
Ele não triunfará!

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Curiosidade pessoal

Dou por mim a pensar que a poesia é efémera.

Não só na sua criação como na apreciação e, porque não, degustação.

Intervalo e terapia emocional

Dei por mim a consumir filmes pindéricos americanos que rapidamente deixam uma lágrima no canto do olho. São aqueles filmes que nos deixam cheios de vontade de ir constituir família com a nossa cara metade.
Toda a trama é orientada, criada e viciada para chegar ao final feliz. É bom por devolver a fé no ser humano, nos bons sentimentos, na humanidade e na vontade de construir para lá dos percalços do caminho. Acabam por ser um bom sermão de um trecho velho e relho dos evangelhos da vida.

Estou a precisar de um shot disto por dia até ter a minha carta de alforria que tarda.

Com dedicatória e tudo

Esta música, ou este poema musicado tem a singularidade de ter o propósito de ser humilde. Diz, sem medos nem dramas, que todos somos, a um tempo umas bestas e que esse facto não impede que haja amor e que haja vontade de construir. E apela a idêntica humildade. 

Tantas vezes o mundo está carregado de falta de humildade, de arrogância, de jactância e, sobretudo, o pior de tudo, de orgulho de, pior que um eucalipto seca o mundo todo de afecto à sua volta.

"Eu sei que eu tenho um jeito
Meio estúpido de ser
E de dizer coisas que podem magoar e te ofender
Mas cada um tem seu jeito
Todo próprio de amar e de se defender
Você me acusa e só me preocupa
Agrava mais e mais a minha culpa
Eu faço, e desfaço, contrafeito
O meu defeito é te amar de mais
Palavras são palavras
E a gente não percebe o que disse sem querer
E o que deixou pra depois
Mas o importante é perceber
Que a nossa vida em comum
Depende só e unicamente de nós dois
Eu tento achar um jeito de explicar
Você bem que podia me aceitar
Eu sei que eu tenho um jeito meio estúpido de ser
Mas é assim que eu sei te amar"

E é assim a vidinha. Continuarei a reclamar ciente que o meu vizinho insistirá em contrariar a natureza da criação divina e insistirá noutros remoinhos. 

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Mais desenhos


Chove em Maio

Chove em Maio e agradeço as águas que caem do céu.
Rega naturalmente os campos não havendo que despender qualquer recurso para o efeito.
Liberta o homem de regar as culturas podendo, deste modo executar outras tarefas.
Serve para armazenar a água que vamos precisar nos Verão.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Uma curta para animar

A respiração começa a voltar ao normal.
Os corpos separam-se ficando lado a lado, de costas e braços abertos.
Impaciente, ela levanta-se e com a camisa tenta tapar as partes pudendas que ainda há momentos eram o centro de todas as atenções.
Fecha-se na casa de banho.
Ele, deitado na cama, peida-se e ri.
E cai a dormir profundamente, e feliz.

desenho



desenho


Definitivamente

Apenas a morte. Tudo o mais é relativo.

Ser vulgar

Conheci um pessoa tão vulgar que até a amar era vulgar. Nada era importante ou relevante. Ser um entre os demais era o que bastava.

sábado, 4 de maio de 2019

O ponto médio

Muitas vezes olhamos para o que nos aflige, sobretudo quando é acção de terceiros não suficientemente libertos dos nossos medos, ansiedades e inseguranças. As tentativas de amesquinhar, reduzir, desincentivar e, até, destruir reside, na maior parte das vezes, nas sombra que fazemos.

E é isto.

terça-feira, 30 de abril de 2019

Tecto


Um tecto riquíssimo na Igreja de Moledo, na Lourinhã.

E que manto Senhora


Um manto magnífico.

Nossa Senhora na Igreja de Moledo, concelho da Lourinhã

Nossa Senhora das Dores


Imagem de Nossa Senhora das Dores na Igreja de Sobral da Lagoa, em Óbidos.

A resignação, a aceitação e a mágoa. A cor das suas vestes não é por acaso. 

O absurdo feito atitude

Alguém por vontade própria, pessoal e confirmada, age provocando prejuízo efectivo a um terceiro sente-se ofendida pelo simples facto desse terceiro ficar absolutamente chocado pela atitude miserável.

O poder perverte as pessoas fazendo-as crer que a sua estadia na terra lhes dá o direito de prejudicar terceiros.

E há, ainda, um orgulho insano que não a permite consciencializar que errou, que passou todos os limites, que agiu persecutoriamente. Quantas pessoas já esta triste alma prejudicou para obter as suas "razões" de coração justificadas? 

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Carta de alforria

Acabo de pedir carte de alforria.
Aproveitei a data futura da mudança de regime em Portugal, onde dizem ser o dia da Liberdade, para pedir para a mim os dons, benefícios e direitos desta.

Não gosto de pântanos lodosos e baixa rês onde impera a vitimização.

Tenho esperança.

terça-feira, 23 de abril de 2019

Ser mimético

Compreendi com profundo incómodo e, porque não dizê-lo, com violenta mágoa que durante anos havia sido enganado. Sempre fui um crédulo no ser humano. O homem é, por natureza da criação, um ser Bom e orientado para o Bem. Todavia alguns preferem os caminhos ínvios, e, sobretudo, dar todo o crédito ao que lhe convém à alma, em vez de se confrontar com as suas fraquezas e limitações. E, com a cereja do orgulho em cima de tudo dá o pior dos resultados.

Após este perturbador momento de rever num outro um ódio, um sentimento feio e rude, e que o mesmo me era dirigido, passei a ter uma profunda aversão a esta pessoa. Impossível de estar a um metro, de conviver, de falar, de comunicar, de fazer o que quer que seja. É uma pessoa tóxica no pior sentido, pois é profundamente escura por dentro e sorri hipocritamente como se fosse uma gentileza, uma agradabilidade, uma pessoa amável. Um buraco negro sem energia criadora, onde não existe oxigénio capaz de fazer a combustão de um fósforo.

Curiosamente passou a replicar o meu distanciamento. Os gestos miméticos demonstram ainda mais a sua má formação. Repete para comigo a repulsa que sinto, não por a sentir, mas porque é alvo dela. "se é assim que queres, é assim que vais ter." Não, não quero nada. Quero sair daqui. Quero PAZ! Quero gente honesta. Quero gente digna. Quero gente verdadeira.

Andou a ser a chacota anos a fio de todo um prédio por ter uma pseudo-namorico. Todos se riam daquele despropósito. Eu fui o único escolhido como a causa da figurinha que faziam, quando a raiz do seu problema eram as suas escolhas.
Nunca tinha tempo para acudir a um pedido, mas sempre tempo para umas cociguinhas. E eu era a razão de ser do incómodo que tal despropositada exibição granjeava.
Bloqueou-me nas redes sociais como se eu tivesse um imenso interesse na sua vida, esquecendo que, com isso, confirmava que eu a incomodava, mesmo nada fazendo. E manifestava, obviamente, uma atitude, hoje absolutamente clara e límpida, de má índole.

Durante mais de um ano tentei enterrar todas as suas pouco educadas atitudes e faltas de cortesia e apenas recebi o que já referi. E levando terceiros a copiarem o seu sentimento e as suas atitudes.

Hoje é mimética! Sou o seu modelo! Se não há nisto tudo uma dose de doença mental, qualquer coisa haverá!

Não percebe que o seu único caminho é reconhecer os seus erros e deixar-me sair daqui.

Aguardo com alguma ansiedade que Deus me leve daqui para outro lugar onde possa trabalhar em paz e sossego.

Nota final: O mimetismo apenas demonstra que as suas atitudes são, assim como o foram sempre, absolutamente más e conscientes da sua iniludível maldade objectiva. Não é o sujeito, eu, uma pessoa má, mas alvo de actos amorais de outrém.

domingo, 7 de abril de 2019

E a aurora

De manhã, o dia nasceu...





Novidades

Primeira noite na casa nova.
Depois da algazarra de receber os amigos e a família que aceitaram o convite de inaugurar a casa comnosco, foi tempo de tranquilamente sentar em frente à lareira.

quinta-feira, 21 de março de 2019

Mini curta de humor para cinema

Duas amigas encontram-se e falam pelos cotovelos de assuntos vários de circunstância até que uma pergunta à outra:
- E tu amiga, como vai isso de vidinha activa? piscando o olho e dando a entender a vida sexual
Passa a preto e branco em câmara lenta e ela começa a fazer um sorriso amarelo que desliza para uma cara de desespero enquanto se ouve a Lacrimosa de Mozart.

terça-feira, 19 de março de 2019

No recreio 002

Coisas a calar.

Tenho a sorte ( ou a opção?) de viver suficientemente perto de onde trabalho pelo que posso dispensar qualquer tipo de transporte e não despender mais de 15 minutos a fazer o trajecto. O actual governo, a meses de eleições, resolveu fazer uma colossal baixa do custo dos passes ( atenção que não estou a falar na vertente de justiça, ou outra qualquer!) de modo a apanhar mais uns papalvos.

Apetecia-me provocar as pessoas e pedir a cada uma delas a minha parte do desconto, pois é com os meus impostos que eles vão ter essa redução do preço.

Como não frequentam o ginásio, vou continuar calado para salvar o que resta da minha integridade física e outra.

Na recreio

- Vais almoçar sozinho?
- Não! Levo o telemóvel.

Dia do Pai

Cá voltamos à comemoraçãozinha daquele que com o seu contributo fez acontecer vida.


O meninos pequeninos que sem fazer a ideia porquê, são levados ao seu pai, alguns com uma gracinha na mão, na sua inocência usual. Dão e recebem beijos, e até abracinhos.
Há, depois os que celebram a memória dos que já cumpriram o seu tempo. Voltam ao amor virginal, pois que pouco importa o que ficou pelo caminho.

Os restantes sentem, mais ou menos, um festejo tão vago e ténue como se festeja a primavera.

Não são os afectos que se diluem, é, por ventura, a imagem lateral e quase irrelevante que desde os tempos imemoriais, através da figura de São José, nos habituamos a ver o Pai. Em silêncio, e zelosamente, leva nos seus ombros todas as cargas.   

quinta-feira, 14 de março de 2019

O que olho

Da minha janela
Observo a vida alheia
Com a curiosidade da ociosidade

À minha frente
Reconheço a miséria humana
Com o desinteresse da monotonia

A espuma do tempo

Nos meus dedos persiste o cheiro da cebola que cortei e depois piquei. Num pequeno tacho deixei em azeite a amolecer. Juntei-lhe a carne e os temperos. Apurou. Fez-se acompanhar de um arroz branco, em grupo, com goma e tudo.
Levantei a mesa, arrumei a cozinha. Lavei os dentes e a cara e dormi a noite inteira. Depois de acordar voltei a lavar-me, todo. Tomei o café matinal e novamente me lavei.

E nas minhas mãos persiste a cebola refogada...  Estou capaz de colocar a mão de molho para fazer, logo, uma canja.

Passeio

Vinda de uma memória
Ainda  a preto e branco
Percorria uma aldeia vivida
Cada recanto, um encanto
O chão era duro e gasto
Redondo de tantos pés descalços
As chaminés estavam caladas
Assim como as ruas e os becos.
Só falavam a largura das vistas
Nas casas as grandes pedras,
Feitas de rochas recortadas
Entre pequenas linhas de musgo.
E nesse passeio vagaroso e deslumbrado
Perguntava-me
"Como seria dormir aqui?
"Nesta paz tão silenciosa..."

Liguei o carro e parti.

terça-feira, 12 de março de 2019

Vidas profissionais

Instala-se a luta psicológica. Nunca se sabe quem perde mais, se o menos resistente, ou o mais crudelmente atacado. Também aqui chegados, não há vitórias expectáveis.

sábado, 9 de março de 2019

Ensinamentos da vida

Não peças a um simples para te entender. Escuta-o e filtra o seu discurso. E, se necessário for, suspende-te de falares. Serás melhor entendido.

Poema

Recorro à memória
E vejo espaço brancos
Vazios de conteúdos
Lugares de nada.
Não são, definitivamente,
Memórias de amor.

A mesa de cabeceira

Na minha mesa de cabeceira
Acumulo e empilho livros
São intenções que ganham pó
Olho-os pelas lombadas
E revisito as intenções
Noto, todavia,
que fui perdendo a oportunidade.

Fecho a porta

Com uma frase apenas
Abre-se toda a surpresa,
A imensa angústia,
A triste confirmação
Da instalada desilusão

.....Sim, errei...
Sussurro aos gritos apenas ao meu ouvido

Mas a culpa foi tuda tua
Em plenos pulmões
Para que para longe fuja
O remorso e a consequência
Da frase repetida
E confirmada

E sem ar para respirar
O que se segue
Não há já oxigénio que reste
No espaço carbonizado
E reduzido às cinzas
Que, com a sua leveza
Serão um peso tortuoso
Na consciência que o seja.

Fecho a porta.

Cinema

Fui ao cinema
Sozinho e apenas comigo,
( mas como se trago comigo
Sempre o meu mundo)
E sentei-me a ver a fita...

Como era de esperar,
Com esta vi tantas outras,
Não no ecrã
Mas na minha memória
E passei por elas
Como vou passar por esta

Porque trago comigo
O meu mundo, sempre.

Lendo 002

"(...) mas tudo muda, os conhecidos
tornam-se amigos e depois desconhecidos."

Pedro Mexia, in Poemas escolhidos, Tinta da China, Lisboa, 2018, pág. 10

Pedro Mexia referia-se, neste poema, sobre o que fazer das agendas que insistimos em manter e acrescentar mais um nome, mais um contacto, escrever a várias cores, riscar números e tentar manter actualizadas em vez de recomeçar uma nova a cada novo ano. E eis que, no meio das mudanças das vidas há a nossa mudança.

Conhecemos alguéns a quem muito passamos a querer. Descobrimos imensas interligações, coisas que inacreditavelmente nos ligam para lá dos tempos até que, esse mesmo tempo nos desliga, inexoravelmente. Os amigos da infância, os inseparáveis da adolescência, os conversadores de horas perdidas, os nossos heróis e, até, os nossos amores... ficam desconhecidos....ficamos desconhecidos.

Poema e poesia

"O pó acumula.se
e depois de limpo
torna a acumular-se
no cimo das lombadas"

E quanto desse pó
Não são restos de nós
Peles mortas que por aí
Permanecem até tombarem
Como os livros
Que em nós ficam
Até tombarmos
No esquecimento.